Por Andréa Monteiro

Atuando na capacitação de professores com temas relacionados à educação emocional, frequentemente me deparo com descobertas encantadoras destes profissionais com relação a novas formas de lidar com suas próprias emoções, e de como utilizar isto tanto no âmbito pessoal quanto no profissional. Mas, para que possam ocorrer, estas descobertas dependem de um trabalho reflexivo: precisamos aprender a reconhecer como de fato nos sentimos em relação às pessoas que nos rodeiam e, principalmente, como nos relacionamos com o que nós próprios sentimos.

A forma como regulamos nossas emoções é, de acordo com o filósofo e sociólogo chileno Juan Casassus, em grande parte determinada pela socialização e pela cultura. O que significa que, ao longo de nossa vida, vamos aprendendo a lidar com as emoções a partir de nossas experiências sociais – na família (pela forma como nossos pais nos ensinaram ou os vimos agirem), na forma como a cultura local valoriza (ou não) o reconhecimento e a expressão das emoções e ao internalizar os comportamentos referentes ao desempenho de um determinado papel social.

Quem já não ouviu que “homens não choram”? Ou que “precisamos ser fortes”, mesmo diante de perdas devastadoras? São frases como estas que acabam nos orientando a não nos conectar com nossas emoções.

Cada um de nossos papéis – filho, aluno, pai, professor –, cada modelo de comportamento que nos é exigido influencia nossa experiência emocional: diz-nos o que podemos ou não sentir. Considere, por exemplo, quantas vezes você já ouviu uma mãe dizer que sente raiva do seu filho? Ou um professor reconhecer que se sente frustrado na relação com um aluno?

Embora estas emoções sejam naturais na relação com qualquer pessoa – raiva, tristeza, frustração, desapontamento, além de muitas outras – a maioria de nós ainda é educado para racionalizar ou reprimir suas experiências, gerando o que Casassus denomina de “tensão entre a adaptação à norma e o que sentimos”. Vestimos os papéis, colocamos máscaras e nos afastamos de nossas emoções. Você já não teve a impressão de que precisava agir de forma “profissional”, deixando de lado suas emoções?

Mas, apesar das exigências do mundo social, nossas emoções não se dissipam no ar… Enquanto insistimos em reprimi-las, sabemos que elas podem se manifestar de outras formas – incluindo doenças físicas ou mentais.

Daí a importância da educação emocional para que possamos nos manter em contato com nossas emoções, reconhecendo-as e buscando formas conscientes de lidar com elas. É somente neste processo que podemos acolher nossas emoções e lidar com elas, sendo assim mais eficazes na resolução de nossas dificuldades. Cuidando de nós mesmos e do outro.

Felizmente, a importância da educação emocional para nossa saúde e a saúde de nossas relações vem sendo cada vez mais reconhecida. E seu impacto positivo já foi comprovado na área da educação (como alguns textos do nosso blog já apontaram), na área empresarial e em diversas outras. Então, junte-se a nós para conhecer um pouco mais sobre a educação emocional!

Andréa C. Monteiro, é psicóloga, mestre em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz, atua na área de Educação Emocional há 14 anos.

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