De um dia para o outro, tudo ficou diferente. Houve o confinamento, a insegurança, mas a vida não podia parar: era o momento de rearranjos. Durante a pandemia, os trabalhos precisaram se adaptar ao mundo virtual e nós, que já fazíamos uso demasiado dos dispositivos digitais, ficamos cada vez mais horas em frente às telas. Com as facilidades da tecnologia e os “empregos” praticamente dentro de nossas casas, passou a ser difícil encontrar equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Cenário perfeito para adoecermos de Burnout digital.
De acordo com uma pesquisa da Associação Internacional de Gerenciamento de Estresse no Brasil (Isma-BR), o Burnout já atinge 30% dos profissionais brasileiros, e segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso abusivo da internet vem aumentando drasticamente, nos últimos 20 anos. Esses dados combinados apontam que estamos na iminência de um colapso na saúde mental no mundo do trabalho.
O bombardeio de informações, a prontidão que é esperada de nós e a velocidade das tecnologias parecem ser os responsáveis por desencadear sintomas como ansiedade, exaustão, apatia e sensação de esgotamento digital. Ter dificuldades para se desconectar do trabalho mesmo após o final do expediente, por exemplo, pode ser um sinal de que as coisas não vão bem. Dar um tempo para perceber quais são nossos padrões de “comportamento digitais” pode dizer muito sobre a nossa saúde mental.
Segundo Miriam Lamana, psicóloga e facilitadora da ASEc+, é importante considerar que todos nós gostaríamos de ser capazes de evitar o esgotamento e o sentimento de não se reconhecer mais, pois o Burnout mina nossa autoconfiança e nossa capacidade de nos regularmos emocionalmente. Porém, ter levado o trabalho para dentro de casa, somado aos medos e à visão equivocada do que é engajamento, propicia o desencadeamento de um processo de “definhamento”, termo cunhado pelo sociólogo Corey Keyes. “O perigo é que quando se está definhando, pode não perceber o embaçamento da realidade. Não nos percebemos e perdemos a percepção das pessoas, pois se inicia um processo de ‘escorregar lentamente para a solidão’. Ficamos indiferentes à própria indiferença. Quando não podemos ver o nosso próprio sofrimento, não buscamos ajuda, não nos movimentamos para buscar coisas que nos façam sentir melhor e que contribuam com a elevação do nosso bem-estar”, explica Miriam.
A importância de cuidar da saúde emocional
Cuidar do equilíbrio entre as diversas áreas da vida, incluindo momentos de lazer e a prática de atividades prazerosas são importantes para evitar crises de stress e aliviar as tensões do cotidiano. Além disso, o autoconhecimento nos ajuda a perceber como nos sentimos, se algo anda errado conosco e pedir ajuda, se for necessário.
“Identificar, reconhecer e nomear o que estamos sentindo são os primeiros passos para conseguirmos ter o distanciamento e a clareza necessária para construir estratégias de ação que ponderem impactos. As emoções acontecem de forma invisível e só acessamos se houver espaço para falar sobre isso. Quanto menos
conversamos, mais criamos sombras dentro de nós e damos o domínio dos nossos pensamentos e emoções aos nossos medos e inquietudes. Entender e aceitar que mudanças estão acontecendo nas nossas relações com o trabalho, facilita a reflexão de como agir agora e no futuro’, comenta Miriam.
ASEc+ e Mundo do Trabalho
A ASEc+ desenvolveu ferramentas cujo objetivo é introduzir, orientar e preparar profissionais de qualquer grau de maturidade para lidar com os desafios do ambiente de trabalho, muitas vezes invisíveis ou mascarados pela rotina ou pela rigidez da vida. O aprendizado é conduzido por meio de conteúdo, vivências e formações que promovem o autodesenvolvimento. A cada etapa, é nítida a percepção de evolução pessoal e profissional perante os desafios do novo momento do mundo, volátil, incerto, complexo e ambíguo.
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