Mundo da Escola

ASEc+ 18 anos – Personagens de nossa História

Confira a entrevista que realizamos com a professora Giseli Gobbi, do Liceu Santa Cruz (São Paulo). Ela fez parte da primeira turma de capacitação do Amigos do Zippy no Brasil, em 2004, e sua trajetória é, praticamente, a história da ASEc+.

Como começou a sua história e como foi a sua trajetória na ASEc+?

Giseli: Sempre trabalhei em sala de aula com algum dos programas de Educação Emocional, da ASEc+. Com o Liceu Santa Cruz (São Paulo/SP), participei do programa Amigos do Zippy desde a implantação no Brasil, em 2004. Fiz parte da primeira formação de professores e desenvolvi o programa com meus alunos, sendo o Liceu, uma das escolas piloto.

Em 2007, participei da primeira turma do Amigos do Zippy em Casa, como mãe de aluna: minha filha esteve na primeira turma do Amigos do Zippy. Já em 2008, fui monitora do Amigos do Zippy em Casa e realizei os encontros com os pais dos alunos.

Giseli (primeira abaixada à esquerda) participou da primeira capacitação do Amigos do Zippy no Brasil, em 2004

No mesmo ano, fui capacitada para desenvolver o programa piloto Amigos do Maçã e em 2010, fui convidada a fazer parte do seminário para a implantação do Amigos do Zippy na América Latina. Neste encontro, contei um pouquinho sobre o programa e minha experiência. Também desenvolvi parte de uma das aulas com os participantes.

De 2014 à 2016 fui monitora da ASEc+, capacitando professores para desenvolver o Amigos do Zippy. Em 2016, desenvolvi o programa Passaporte: Habilidades para a Vida, sendo o Liceu, uma escola piloto, mais uma vez. Para testar em qual faixa etária o programa seria mais adequado, ministrei as aulas para duas turmas de alunos: 6º ano, alunos com, aproximadamente, 11/12 anos; e 1º ano do Ensino Médio, alunos com aproximadamente, 15/16    anos. Em 2022, fiz parte do piloto do programa SPARC Resiliência.

Quais as principais diferenças que você percebe nas crianças, por terem participado dos programas de Educação Emocional?

Giseli: As crianças que participam dos programas demonstram mais estabilidade emocional. Percebemos uma grande diferença entre os alunos que fizeram o programa dos que não fizeram. Eles apresentam mais empatia, reconhecem seus sentimentos, lidam melhor com as mudanças e diferenças, conseguem compreender melhor o outro e se relacionam muito bem em grupo.

Alunos da Giseli participam de atividade do programa Passaporte: Habilidades para a Vida.

Pode nos contar alguma situação marcante em que algum aluno (a) demonstrou de forma explícita o uso de alguma habilidade apreendida?

Giseli: Presenciamos inúmeras situações e muitos relatos de familiares sobre o comportamento dos alunos diante de uma dificuldade. Vou citar o caso de uma aluna que entrou no Liceu no 3º ano e não participou dos programas Amigos do Zippy e Amigos do Maçã, porém, sua turma teve aulas dos dois programas. No 4º ano, essa aluna foi diagnosticada com câncer. Nossos alunos nunca tinham passado por uma situação assim. Eles conviveram diariamente, cresceram juntos e vivenciaram todas as dores e melhoras durante o tratamento.

Mesmo tão pequenos, percebíamos como era uma turma especial e que fizeram a diferença na vida da nossa aluna e ela na vida deles. Ela apresentou melhoras, mas depois voltava tudo de novo e, infelizmente, no 8º ano, ela faleceu. Todos os alunos foram ao velório e permaneceram o tempo todo juntos com os professores e os funcionários do Liceu.

Como uma corrente, eles se apoiavam e um acolhia o outro diante da sua dor da perda. No ano seguinte, os alunos fizeram uma linda homenagem à amiga no evento cultural e na formatura. Depois, realizamos uma ação juntamente a uma ONG, arrecadando livros e, com isso, montamos uma biblioteca em uma Casa de Acolhimento para crianças com câncer, e a biblioteca recebeu o nome dela.

Quais as diferenças entre a Giseli “antes” e “depois” dos programas?

Giseli: As diferenças são evidentes. Existe uma Giseli antes e uma depois do desenvolvimento do programa. Quando comecei na primeira formação já me encantei, mas não tinha noção de quanto isso tudo seria impactante na minha vida. Entrei com o pensamento para desenvolver habilidades nos nossos alunos e quando percebi, já estava fazendo uso de tudo na minha vida. Diante de uma dificuldade penso em várias estratégias e consigo fazer o filtro e escolher a melhor. O número de estratégias aumentou e muito. Procuro sempre ver o que aquela situação pode ter contribuído para eu ser uma pessoa melhor.

 Você percebe impacto nas famílias? Quais?

Giseli: As famílias trazem relatos das mudanças em seus filhos, como: falas, questionamentos e posturas positivas, além da forma de se colocarem diante de uma dificuldade sua, do outro ou de um familiar.

Como você vê a importância dos programas da ASEc+ para os alunos do Liceu Santa Cruz? 

Giseli: Nós acreditamos muito nos programas, pois observamos muitas mudanças positivas nos nossos alunos e percebemos a importância no dia a dia deles. Nos dias de hoje, é extremamente necessário trabalhar com essas questões emocionais. Estamos em constante mudança e os alunos terem aulas de educação emocional na escola, é maravilhoso!